“Quem é você pra falar de miséria? Uma casa confortável, comida na mesa e roupa lavada o esperam todos os dias. Quem é você pra falar de saudade? Quem mais o ama sempre estará do seu lado: os seus pais. Quem é você pra falar de preconceito? O garoto negro e sujo que passa do seu lado recebe o seu pior olhar de desprezo. Você fala de almas floridas como se, por um acaso, tivesse uma. Você grita que o mundo precisa de pessoas melhores, mas não passa de alguém igual a todos os outros. Você critica atitudes que, na verdade, você mesmo coloca em prática. Quem é você pra falar em solidariedade, quando não ajuda um cego a atravessar a avenida sem pedir nada em troca? Ou quando não cede o acento do ônibus pra uma senhora idosa? E, ainda por cima, quando não abre mão de um par de sapatos velhos pra doar à quem mais precisa? Quem é você pra encher a boca e falar de compaixão, quando não tem lágrimas nos olhos ao ver o jornal noticiar inúmeras tragédias que acontecem todos os dias? Ou quando não se sensibiliza ao ver o desespero de uma mãe que acaba de perder o filho? Não adianta dizer que quer um mundo melhor: é preciso, acima de tudo, fazer a sua parte pra que ele exista. Quem é você pra falar de política, quando apoia os candidatos corruptos que se dizem ficha-limpa? O Brasil não vai pra frente por gente como a gente. Quem é você pra falar de baixa escolaridade, quando estudou desde que nasceu em escola privada? Quem, por um acaso, é você pra abrir a boca pra falar de injustiça, quando a sua classe social pertence a minoria que tem uma boa estabilidade econômica? Não adianta se dizer amigo e ter alma de colega. Uma palavra estupida não vale mais do que uma atitude correta. Muitos de nós estufam o peito pra se dizer contra o desmatamento, a homofobia e o estupro, mas poucos realmente fazem algo pra ajudar a combater essas coisas. Inúmeras pessoas reclamam do calor excessivo nos dias atuais, mas poucas tem consciência em preservar o planeta pra diminuir as causas do problema. E de ciúmes, quem é você pra falar? Nada que foi seu, é seu ou será seu já foi ameaçado de ser tirado de sua posse. Porque ciúmes é aquilo que a gente sente quando tem medo de perder o que, de um jeito ou de outro, é nosso. Quem é você pra falar de medo? Nenhum monstro bizarro ou sentimento grandioso te rouba noites de sono. Quem é você, afinal, pra sair por aí falando de tristeza? Nenhum buraco tão grande a ponto de desestruturar toda a sua base psicológica lhe tomou o peito. Nenhuma lágrima nunca foi tão pesada ao cair sobre a sua face. Nenhum rio nunca foi tão pequeno ao te fazer chorar incessavelmente no chão do banheiro. Quem fala muito, pouco, de fato, realmente faz. Quem é você que acena e sorri pra qualquer pessoa que cruza o outro lado da calçada, mas ainda se sente no direito de falar em timidez? Quem é você que esbanja felicidade e quer reclamar de solidão? Solidão é quando a melhor companhia pro resto de nossas vidas somos nós mesmos. Solidão é aquilo que te deixa inerte na cama um sábado inteiro. Quem é você pra falar em revolta? Isso é o que acontece quando estamos casados da mesmice, do comodismo, do vazio sem fim. E sobre o fim, quem é você pra dizer alguma coisa? Nenhum final teve um efeito tão impactante sobre algo que você zelava muito. Céus, quem é você pra falar em baixa auto-estima, quando o resto do mundo faz questão de alimentar o seu ego? Quem é você pra falar de angústia, se nenhum amor aflito nunca lhe virou do avesso? Afinal, quem é você pra falar de amor?”
terça-feira, 28 de agosto de 2018
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